Cândido Portinari - (1942) Chorinho

sábado, 3 de abril de 2010

Caetano Veloso e Banda Black Rio - (1978) Bicho Baile Show


A primeira vez que eu ouvi esse disco não acreditei. Entrei em transe. Já conhecia a obra da Banda Black Rio e boa parte da obra de Caetano, mas não poderia imaginar que tal união pudesse proporcionar algo tão fantástico aos nossos ouvidos. Groove e Swing – essas duas palavras definem aquilo que norteia esse disco. Uma banda afiada, no auge, ainda com sua formação original (contando com o incrível Jamil Joanes nos baixos) destilando seu veneno Black sobre as músicas de Caetano Veloso.

É preciso assumir aqui a audácia de Caetano, que embalado pela onda da disco music, resolveu aproveitar a ascensão da Banda Black Rio e convidou-os para dividir o palco num verdadeiro Baile Show, indiferente à crítica que dizia que ele havia abandonado o tropicalismo e se vendido ao modismo da época. Pode até ser, mas o fato é que ele montou um show impressionante em se tratando de performance.

Já na intro, percebe-se o quilate da moçada que está tocando. E quando a banda ataca “Odara”, o deleite é total. Que sonzeira! E o melhor ainda está por vir... Pois em seguida segue uma versão de “Tigresa”, naquilo que em minha opinião dá pra chamar de versão definitiva desse som, com uma cozinha apavorante de boa e solos de sopro impecáveis. Há lugar até para uma versão dançante de “London, London”.

Felizmente para os fãs da Banda Black Rio, Caetano oferece espaço para algumas músicas apenas com a banda, como “Na Baixa do Sapateiro”, “Leblon Via Vaz Lobo” que, após um solo fabuloso de Oberdan, um do malandro Stevenson e outro do gigante Jamil, emendada na clássica “Maria Fumaça”, “Baião” e “Caminho da Roça”. Todas elas executadas com a mesma elegância em que aparecem no disco “Maria Fumaça”, do ano anterior, já postado aqui no Casa Forte Brasil.

Seguindo o baile, o disco trás ótimas versões para “Gente”, “Alegria, Alegria” e até mesmo para a estranha “Two Naira Fifty Kobo“. O ponto alto em minha opinião está na música “Qualquer Coisa”, que por si só já tem um apelo funk inegável, somado ao swing e groove da Banda Black Rio, fica simplesmente maravilhosa! A festa termina com uma empolgante versão de “Chuva, Suor e Cerveja”.

Álbum fantástico, altamente recomendado mesmo! Dedico especialmente para aquele pessoal que acha Caetano Veloso um chato. De fato, HOJE ele é um chato, mas nem sempre foi assim. Por isso recomendo ouvir esse disco e rever certos conceitos.


Faixas:
1 - Intro
2 - Odara
3 - Tigresa
4 - London, London
5 - Na Baixa do Sapateiro
6 - Leblon Via Vaz Lobo
7 - Maria Fumaça
8 - Two Naira Fifty Kobo
9 - Gente
10 - Alegria, Alegria
11 - Baião
12 - Caminho Da Roça
13 - Qualquer Coisa
14 - Chuva, Suor E Cerveja

Instrumentistas:
Caetano Veloso (Voz e Violão)
Oberdan Magalhães (Saxofones)
Jamil Joanes (Baixo Elétrico)
Luiz Carlos Batera (Bateria)
Cláudio Stevenson (Guitarra)
Cristóvão Bastos (Teclados)
Barrosinho (Trompete)
Lucio J da Silva (Trombone)
Sidinho Moreira (Percussão)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!! 


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