Cândido Portinari - (1942) Chorinho

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Som Imaginário - (1973) Matança do Porco



O rock progressivo brasileiro sempre foi um tanto quanto descriminado pela mídia. Mesmo assim, encontramos diversos trabalhos de excelente qualidade, porém esquecidos pela falta de interesse por parte de gravadoras. Esse disco é um exemplo bem acabado do que o rock progressivo brasileiro já produziu. O Som Imaginário foi uma banda liderada pelo tecladista e arranjador mineiro Wagner Tiso e por algum tempo serviu de banda de apoio para Milton Nascimento (inclusive no formidável disco Clube da Esquina, de 1972). O disco aqui postado contem músicas de alto nível, todas instrumentais.

Essa obra é um caldeirão de estilos, sendo mescla de rock progressivo, samba, psicodelia, música regional, jazz brasileiro... O disco abre com a música Armina, sendo que constam outras 3 vinhetas baseadas na primeira, mas com outros arranjos. Bastante interessante. A música que dá nome ao disco é, talvez, a música mais progressiva composta pelo grupo. Uma suíte com várias partes e diferentes climas, indo do som leve ao pesado sem fazer o ouvinte perceber. Outra música que vale menção é a “Mar Azul”, um samba moderno e muito bonito, onde Robertinho Silva faz uma condução impecável. E para coroar esse momento "volta às origens", veja esse video (irado!) do Som Imaginário tocando o refinado tema "A3":



Faixas:
1 – Armina
2 – A3
3 – Armina (Vinheta 1)
4 – A nº 2
5 – A Matança do Porco
6 – Armina (Vinheta 2)
7 – Bolero
8 – Mar Azul
9 – Arminha (Vinheta 3)

Instrumentistas:
Wagner Tiso (Teclados)
Luís Alves (Contrabaixo)
Robertinho Silva (Bateria)
Tavito (Violões)
Fredera (Guitarras)
Zé Rodrix (Teclados, voz e flauta)
Laudir de Oliveira (Percussão)
Naná Vasconcelos (Percussão)
Nivaldo Ornelas (Saxofone)
Toninho Horta (Guitarras)
Noveli (Baixo)
Paulo Braga (
Bateria)
Milton Nascimento (Voz - Participação especial na faixa “A Matança do Porco”)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

Banda Black Rio - (1977) Maria Fumaça


Esse disco é uma obra prima da música brasileira. Esse primeiro e antológico trabalho da Banda Black Rio contém apenas excelentes temas instrumentais, onde a black music norte americana é fundida de maneira muito elegante com os ritmos brasileiros. O projeto desse disco foi concebido pela gravadora Warner, percebendo a amplitude atingida pela cultura negra norte americana no final dos anos 70, a gravadora queria aproveitar esse filão e criar um som moderno e genuinamente brasileiro. O saxofonista Oberdam Magalhães foi chamado para montar uma super banda, sendo que a Warner ofereceria toda a estrutura necessária para a elaboração, ensaios, etc. O resultado disso foi o fantástico disco Maria Fumaça, que lhes trago aqui.

As músicas apresentam o balanço da black music, mas sem perder a batida do samba, criando arranjos no mínimo originais com forte influência do jazz, gafieira, baião entre outros. É o caso da música de abertura, “Maria Fumaça”, onde esses elementos estão bastante claros, sendo que a “cozinha” da banda é algo simplesmente maravilhosa. O disco é uma seqüência de músicas boas, como as releituras bastante interessantes de “Na Baixa do Sapateiro” (de Ary Barroso), “Baião” (de Luis Gonzaga e Humberto Teixeira) e, é claro, “Casa Forte” (ainda pretendo postar todos os discos que tenham essa música do Edu Lobo...). O samba-funk rola solto em “Mr Funky Samba”, composição do lendário baixista Jamil Joanes, em minha opinião, um dos maiores ícones do baixo elétrico nacional.

Faixas:
1 - Maria Fumaça
2 - Na Baixa do Sapateiro
3 - Mr Funky Samba
4 - Caminho da Roça
5 - Metalúrgica
6 - Baião
7 - Casa Forte
8 - Leblon Via Vaz Lobo
9 - Urubu Malandro
10 - Junia

Instrumentistas:
Oberdan Magalhães (Sax)
Lucio J da Silva (Trombone)
Barrosinho (Trumpete)
Jamil Joanes (Baixo)
Claudio Stevenson (Guitarras)
Cristovao Bastos (Teclados)
Luis Carlos Batera (Bateria e percussão)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

terça-feira, 10 de junho de 2008

Eumir Deodato - (1972) Prelude


Eumir Deodato tem um currículo respeitável. Além de ter participado de discos antológicos para a música brasileira, tocou com diversos ícones da música nacional e internacional. Sua carreira é dividida entre o período em que morou no Brasil (até 1967), focando em um trabalho mais voltado à bossa nova e música instrumental e o período em que morou nos EUA, onde se consagrou mundialmente, especialmente após a explosão da disco music no final dos anos 70.

Esse disco que lhes apresento é um exemplo claro de como a influência da música brasileira, somado ao groove do funk norte americano, pode gerar um trabalho não menos que sublime. A faixa de abertura, “Also Sprach Zarathustra”, de Richard Strauss, é uma composição de origem clássica, mas nas mãos desse grande arranjador se torna algo extremamente suwingado, sendo esse um dos pontos altos de sua carreira. Outro clássico que esse disco contém é a não menos famosa “Setember 13”. Faço aqui uma observação quanto aos excelentes músicos que o acompanharam nesse trabalho, pois são nomes de grande expressão no cenário do jazz mundial.

Faixas:
1 - Also Sprach Zarathustra
2 - Spirit Of Summer
3 - Carly & Carole
4 - Baubles, Bangles And Beads
5 - Prelude To The Afternoon Of A Faun
6 - September 13

Instrumentistas:
Eumir Deodato (Piano, Piano Elétrico)
John Tropea
(Guitarras)
Jay Berliner (Violões
)
Hubert Laws (
Flauta)
Marvin Stamm (Trumpete)
Ron Carter (Contrabaixo Acústico)
Stanley Clarke
(Baixo Elétrico)
Billy Cobham (Bateria)
Airto Moreira (
Percussão)
Ray Barretto (
Percussão)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Marco Antonio Araujo - (1980) Influências



O disco em questão é um belo exemplo de rock progressivo instrumental brasileiro, sendo esse o primeiro trabalho solo do falecido músico Marco Antônio Araújo. Os arranjos desse álbum são de muito bom gosto, aquele tipo de trabalho pensado, sem exageros e imponente.

Há influência folk, erudita, barroca, progressiva, entre outras. Os belos arranjos de músicas como “Panorâmica”, “Influências” e a minha favorita “Cantares”, provam o bom gosto desse músico mineiro. Como a música oito entrega, há certa influência de Pink Floyd no som dos caras, mas não se pode deixar de considerar que Marco Antônio teve o privilégio de assistir ao Floyd no início dos anos 70 na Inglaterra. O que certamente faz toda a diferença na vida de um sujeito... 

Vale aproveitar a oportunidade de conhecer esse álbum por vários fatores. Um deles, é que a qualidade do som da banda Mantra, que acompanhava Marco Antônio, não é pouca coisa. É algo que deslumbra e encanta. Outro fator é que dificilmente achará esse disco em algum lugar pra comprar.

Faixas:
1 - Panorâmica
2 - Influências
3 - Bailado
4 - Abertura N 2
5 - Cantares
6 - Folk
7 - Entr' Act I & II
8 - Floydiana II


Instrumentistas:
Marco Antonio Araujo (guitarra)
Alexandre Araujo (guitarra e percussão)
Ivan Correia (baixo)
Eduardo Delgado (flauta)
Antonio Viola (violoncelo)
Mário Castelo (bateria)


DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!


Egberto Gismonti - (1970) Sonho 70


Esse é um disco que vale muito a pena conhecer, pois mostra Egberto no início de suas experimentações com orquestras. A música de abertura (Janela de Ouro) é um excelente exemplo das experimentações “gismontísticas”, com belíssimos arranjos e um bom gosto visceral.

Outro destaque é a elegância da sequência "Ciclone", "Indi" e “Sonho”, essa que posteriormente teve ótimas versões com letras (tanto em inglês quanto em português) de artistas como Elis Regina, Airto Moreira e Toots Thielmans. "Pêndulo" tem um arranjo bastante interessante, trabalhando com a idéia de dinâmica no som. Queria muito saber quem são os instrumentistas que tocam junto, especialmente o baixista (o cara merece aplausos).

É complicado escrever sobre essa obra sem se rasgar de elogios... Então pra evitar esse ato absolutamente desnecessário e redundante, prefiro que escutem e tirem suas próprias conclusões. por isso repito: Vale muito a pena conhecer esse disco!

Faixas:
1 - Janela de Ouro
2 - Parque Laje
3 - Ciclone
4 - Indi
5 - Sonho
6 - O Mercador de Serpentes
7 - Lendas
8 - Pêndulo
9 - Lírica nº 1 

Instrumentistas: Egberto Gismonti (Piano, Violões, Voz)
Dulce Nunes - (Voz)
(O restante não está disponível, infelizmente) 

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Edu Lobo - (1969) Cantiga de Longe


Cantiga de Longe é um disco diferenciado. Até porque Edu Lobo é um artista diferenciado. Esse disco é resultado de um trabalho iniciado no Brasil e concluído em Los Angeles (EUA), onde Edu estudou orquestração e tinha intensão de ampliar sua gama de possibilidades, como trilhas para cinema e espetáculos de dança. Um dos resultados dessa estadia em terras norte americanas foi este magnífico álbum.

O disco abre com a música que deu nome a esse blog, Casa Forte. Uma música instrumental de extremo bom gosto, temperada pela elegância do Quarteto Novo (especialmente Hermeto e sua flauta).

A música “Frevo de Itamaracá” é uma das minhas favoritas. Ela tem um arranjo muito bem trabalhado e uma letra ótima. Destaque também para “Marta e Romão” e para a excelente instrumental “Zanzibar”.


Faixas:
1 - Casa Forte
2 - Frevo De Itamaracá/Come E Dorme
3 - Mariana, Mariana
4 - Zum-Zum
5 - Águaverde
6 - Cantiga De Longe
7 - Na Feira De Santarém
8 - Zanzibar
9 - Marta E Romão
10 - Rancho De Ano Novo
11 - Cidade Nova


Instrumentistas:
Edu Lobo (voz e violão) 

Wanda Sá (voz)
Hermeto Pascoal (flauta e piano)
Airto Moreira (percussão)
Zelão (contrabaixo)
Cláudio Slon (Bateria)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

Quarteto Novo - (1967) Quarteto Novo


Minha primeira postagem não poderia ser outra... Na minha opinião, o melhor disco de música instrumental brasileira de todos os tempos!

A banda foi formada a partir do "Trio Novo", composto por Théo de Barros (contrabaixo e violão), Heraldo do Monte (viola e guitarra) e Airto Moreira (bateria e percussão) que eram a banda de apoio do cantor e compositor Geraldo Vandré. Em 1967, com a entrada do bruxo Hermeto Pascoal (Piano e Flautas), o agora quarteto passa a se chamar "Quarteto Novo" e grava um único disco, auto-intitulado, com uma influência que vai do jazz até a música regional (especialmente a nordestina).

A primeira música, "O Ovo", é assinada pelo bruxo e sua flauta, trata-se de um som bastante gostoso e simpático. "Fica Mal Com Deus" é uma música de Vandré, com um arranjo muito bem trabalhado e um solo fantástico de Heraldo do Monte. Minha favorita é "Sintese", que tem um sabor jazz maravilhoso. Destaque também para a faixa bonus "Ponteio", de Edu Lobo, muito bem executada por essa fantástica banda.

Em entrevista, Heraldo do Monte afirmou que os membros ficaram longo período sem nenhum contato com músicas do Brasil ou do mundo, a ponto de pedir para desligar rádio de táxi, com a firme intenção de não se influenciar pelo ambiente externo e de realmente construir algo original. Em minha opinião, conseguiram.

O quarteto acompanhou o cantor e compositor Edu Lobo até 1969, quando a banda se desfez devido a ida de Hermeto e Airto para o exterior. A seguir, participação do Quarteto Novo no III Festival da Música Popular Brasileira, em 1967, no Teatro Record em São Paulo, defendendo junto com Edu Lobo a vencedora música "Ponteio":



Esse disco é mais do que recomendado, é obrigatório!!

Faixas:
1 - O Ovo
2 - Fica Mal Com Deus
3 - Canto Geral
4 - Algodao
5 - Canta Maria
6 - Sintese
7 - Misturada
8 - Vim De Santana
9 - Ponteio (Faixa bonus)
10 - O Cantador (Faixa bonus)

Instrumentistas:

Théo de Barros (contrabaixo e violão)
Heraldo do Monte (viola e guitarra)
Airto Moreira (bateria e percussão)
Hermeto Pascoal (flauta e piano)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!


Bem vindo ao Casa Forte

Moçada!

Depois de longa espera, meu blog finalmente está no ar! Meu objetivo é difundir um pouco da cultura desse país. O principal foco desse blog é a música, mas haverá espaço para todas as artes. Pretendo disponibilizar o que tenho de melhor em se tratando de som nacional, mas também quero incluir alguns ícones gringos, que considero fortemente influenciados (ou que influenciaram) a cultura musical brasileira.
Uma observação importante é que a grande maioria dos albuns postados aqui estão (ou estavam) fora de catalogo... portanto não pretendo, de forma alguma, interferir no trabalho dos autores aqui postados.

IMPORTANTE: Não forneço nem mantenho alojado os discos aqui postados, apenas
indico os links de outras fontes da internet.

Mantenham contato!

Abraço!