Cândido Portinari - (1942) Chorinho

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

14 Bis - (1979) 14 Bis




Esse disco foi gravado no final de 1979,  pelo recém formado grupo mineiro 14 Bis. A banda era composta por Vermelho, Hely Rodrigues, os irmãos Cláudio e Flávio Venturini e Magrão (os dois último recém saídos da banda O Terço). Eles tinham boas canções, músicos excepcionais e ótimas melodias, porém uma grande desconfiança por parte das gravadoras, que não queriam saber de sons muito complexos devido ao choque cultural causado pelo movimento punk na Inglaterra. Para dar prosseguimento, foi preciso arrumar um padrinho. E assim o projeto foi apresentado com produção do também mineiro Milton Nascimento, um dos grandes idealizadores do Clube da Esquina - movimento musical que foi uma grande influência para o 14 Bis.

O disco é de uma fase que gosto muito da música nacional, pois ainda não havia aquela plasticidade e minimalismo dos anos 80, mas sim um leve rumo a ser seguido no futuro breve e uma valorização dos músicos competentes. Há muito mais características setentistas e do rock progressivo do que se poderia imaginar, como na bela "
Cinema de faroeste". A música “Meio dia” é um ótimo exemplo dessa mistura de 70 e pré-80. Aliás o lado B é o que mais gosto nesse disco, como nas músicas “Três ranchos”  e “O vento, a chuva, o teu olhar”, minha favorita.

O lado A é formado por músicas que fizeram de cara muito sucesso nas rádios, como “Natural” e “Canção da América”, uma música de Milton Nascimento e Fernando Brant inédita até então. O disco abre com “Perdido em Abbey Road”, mais um exemplo dessa fase transitória da música, notadamente devido ao avanço tecnológico.

Nesse ponto, há que se discutir muito sobre o que a tecnologia fez com a música. Maior qualidade sonora? Talvez. Mas isso vai muito do gosto de cada um. Eu gosto muito dos dois primeiros discos dessa banda. Mas o que veio depois faz parte de um estilo que eu considero pop demais, especialmente pela influência do movimento New Age, uma conseqüência direta do já citado movimento punk, e do advento da tecnologia digital (substituindo a boa e velha tecnologia analógica que eu tanto gosto...). 

Faixas:
1 - Perdido em Abbey Road
2 - Canção da América
3 - Ponta de esperança
4 - Pedra menina
5 - Cinema de faroeste
6 - Natural
7 - O vento, a chuva, o teu olhar
8 - Blue
9 - Meio-dia
10 - Três ranchos
11 - Sonho de valsa

Instrumentistas:

Vermelho (teclados, guitarras)
Flávio Venturini (teclados, vocal)
Cláudio Venturini (guitarras)
Hely Rodrigues (bateria)
Sérgio Magrão (baixo)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

domingo, 4 de outubro de 2009

Elis Regina & Zimbo Trio - (1965) O Fino do Fino



Esse disco é um marco na história da Música Popoular Brasileira. Uma apresentação fantástica no Teatro Record, em 1965, para o programa "O Fino da Bossa", comandando por Elis Regina, então com 20 anos, e Jair Rodrigues. O Zimbo Trio foi o principal representante da bossa nova paulistana, e só não foi a banda de apoio do programa porque seus integrantes aproveitaram a oportunidade de excursionar pelo Japão, junto aos desfiles patrocinados pela Rhodia. O fato é que o grupo foi de fundamental influência para diversos músicos (incluindo o que vos escreve) no quesito “como tocar música brasileira com elegância”. Neste, os arranjos da banda e a interpretação de Elis são de qualidade superior.

Achei um trechinho de Elis cantando no programa a música “Casa Forte” (a banda creio ser o Jango Trio). Não poderia deixar de postar aqui:


Esse disco começa com o grito de liberdade da música “"Zambi", de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, e é a minha favorita devido à atmosfera criada, que nos remete aos anos de chumbo, e todo aquele clima de medo, insegurança e movimento cultural fomentado pelo golpe de 64. Não que houvesse um ar de protesto intencional no disco, mas ninguém mais estava falando sobre zumbi em 1965. 


Os temas instrumentais “Aruanda”, “Só eu sei o nome”, “Samba meu”, “Expresso sete” e “Samba novo”, são executados maravilhosamente pelo Zimbo Trio e demonstra a bossa nova muito mais tendendo ao jazz do que as que eram feitas até então. “Canção do amanhecer” é uma das poucas músicas melancólicas do disco, mas muito bonita. Destaque também para “Te o Sol Raiar” e “Amor Demais”. O disco termina com uma versão sublime de “Chegança”

O pianista Amilton Godoy, em um especial da TV Cultura, diz que era surpreendente a habilidade de Elis Regina dentro do contexto da música um tanto quanto improvisada do grupo, pois ela estava atenta a todos os detalhes, desde um acento de bateria a uma jogada do piano, ela entrava na estrada que os músicos estavam trilhando, qualquer que fosse ela.

Faixas:
1 - Zambi
2 - Aruanda
3 - Canção do amanhecer
4 - Só eu sei o nome
5 - Esse mundo é meu / Resolução
6 - Samba meu
7 - Expresso sete
8 - Té o sol raiar
9 -  Chuva
10 - Amor demais
11 - Samba novo
12 - Chegança

Instrumentistas:
Elis Regina (Voz)
Amilton Godoy (Piano)
Luís Chaves (Contrabaixo)
Rubinho Barsotti (Bateria)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Hermeto Pascoal e Brazilian Octopus - (1970) Brazilian Octopus



Já ouvi a definição que esse álbum foi feito exclusivamente para os gringos, pois o clima “bossa de elevador” que ronda o disco poderia fazer dele algo chato. Mas a verdade é que estamos falando em arranjos de Hermeto Pascoal, e nesse caso o óbvio não faz parte do contexto. O fato é que esse disco possui um som bastante agradável, porém pouco agressivo se levarmos em conta os rumos que a carreira de Hermeto tomou.

Na verdade, quem capitaneava o octeto era o pianista Cido Bianchi, responsável pela montagem do grupo em 1968 devido a uma oferta feita por uma empresa de vestuário, a famosa Rhodia, para ser banda de apoio para os grandes desfiles de moda da época. O espetáculo “Momento 68” foi produzido pela empresa com textos de Millôr Fernandes e, entre atores, dançarinos, músicos, havia gente do quilate de Raul Cortês, Walmor Chagas, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Lennie Dale além, é claro, da própria banda Brazilian Octopus.

Dentro desse ambiente, surgiu a oportunidade de gravar um disco. A proposta no fim foi bastante estranha, pois toda a estrutura foi bancada pela Rhodia, porém o disco foi lançado sem muito alarde e acabou fazendo mais sucesso no exterior do que aqui, sem nunca ter dado retorno financeiro ao grupo. Hoje em dia, ter esse disco em formato LP é um raro tesouro.

Quanto às músicas, existe um mundo de variedades que passeiam pelo jazz, R&B, música latina, samba, rock, bossa nova entre outros. Só ouvindo pra entender. Músicas como “Canção Latina”, “Rhodosando” e “Chayê” (essas duas últimas composições de Hermeto) mostram as facetas latinas – notadamente ritmos caribenhos – do grupo. A música “Summerhill” já cai mais para o lado Jazz, enquanto “Momento B/8” tende ao R&B. Existe também mais uma (a quarta) versão de Casa Forte, numa interpretação muito elegante. A música de abertura do disco chama-se Gamboa e tem características interessantes, como é possível conferir nessas raras imagens do Brazilian Octopus tocando no programa “Música Brasileira” em meados de 1970:


Esse disco vale a pena ser conhecido pela qualidade dos músicos e das músicas, assim como pelo contexto histórico que o envolve.

Faixas:
1 - Gamboa
2 - Rhodosando
3 - Canção Latina
4 - Pavane
5 - As Borboletas
6 - Momento B/8
7 - Summerhill
8 - Gosto de Ser Como Sou
9 - Chayê
10 - Canção de Fim da Tarde
11 - O Pássaro
12 - Casa Forte

Instrumentistas:
Hermeto Pascoal (flauta)
Carlos Alberto Alcântara (sax tenor e flauta)
João Carlos Pegoraro (vibrafone)
Cido Bianchi (piano e órgão)
Lanny Gordin (guitarra)
Olmir “Alemão” Stocker (violão e guitarra)
Nilson da Matta (contrabaixo)
Douglas de Oliveira (bateria)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Toquinho e Vinícius de Moraes - (1975) O Poeta e o Violão



O Poeta e o Violão. Um nome perfeito para esse disco. Trata-se de uma gravação feita ao vivo em 1975 em apenas 4 horas (!!!) em um estúdio na cidade de Milão, Itália. Percebe-se no decorrer do disco um clima de imensa descontração entre os presentes.

O áudio é praticamente sem cortes e mostra toda a conversa entre as músicas (inclusive o som dos cigarros sendo acessos), com direito a dedicatória para vários parceiros, como Haroldo Lobo, João Gilberto, Carlos Lyra, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Chico Buarque entre outros. As composições apresentadas nesse disco são uma reunião de clássicos da bossa nova, como  as músicas “Tristeza”, “Chega de Saudades”, “Insensatez” e “Garota de Ipanema”.

As execuções de Toquinho são impecáveis, o que me faz pensar o quanto a música brasileira é imensa em possibilidades. Um exemplo é a versão de “Berimbau” e “Consolação”, na minha humilde opinião essa é a versão definitiva para essas músicas de Baden Powell. Ainda há uma participação do argentino Luis Enríquez Bacalov ao piano em “O Velho e o Mar”.

Esse é um disco que dá gosto de ouvir, seja pela qualidade das músicas quanto pela interpretação um tanto quanto respeitável e gostosa por parte desses dois grandes mestres da MPB, Vinícius de Morais e Toquinho, o Poeta e o Violão.


Faixas:
1 - Tristeza
2 - Marcha da Quarta-feira de Cinzas
3 - Morena Flor
4 - Chega de Saudade
5 - Dora
6 - Canto de Ossanha
7 - Rosa Desfolhada
8 - Berimbau - Consolação
9 - Januária
10 - Insensatez
11 - Apelo
12 - Garota de Ipanema
13 - O velho e a Flor
14 - Nature Boy

Instrumentistas:
Vinícius de Morais (Voz)
Toquinho (Voz e Violão)
Luis Enríquez Bacalov (Piano em “O Velho e o Mar”)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!


Uakti - (1989) Mapa


O grupo do mineiro Marco Antônio Guimarães é responsável pelas mais belas experimentações sonoras feitas em terras brasileiras. Ele e seu grupo Uakti utilizam-se de instrumentos construídos por eles próprios, eventualmente utilizando os instrumentos tradicionais. É difícil definir o que cada um toca, pois há um revezamento de instrumentos o tempo inteiro, muitas vezes na mesma música.

As composições  desse disco são em homenagem ao músico mineiro Marco Antonio Pereira Araújo (já postado no Casa Forte Brasil anteriormente), falecido em 1986. O título do disco é formado pelas suas inicias.

O estilo é bastante etéreo e percussivo, criando climas ora relaxantes (como as músicas “Aluá” e “Mapa”), ora alegres (como na “Dança dos Meninos”, composta em parceria com Milton Nascimento), ora sombrios (como na introspectiva “A Lenda”). Ainda há espaço para uma faixa bônus, que é na realidade é uma releitura do Bolero de Ravel, mas com uma característica “uaktiana” inconfundível.

Vale à pena conhecer esse e outros discos desses mineiros. E se algum dia tiver a oportunidade de assistir ao vivo, não desperdice a chance... palavra de quem já viu e ficou boquiaberto com esse maravilhoso grupo.

Faixas:
1 – Aluá
2 - Dança Dos Meninos
3 - Trilobita
4 - Mapa
5 - A Lenda
6 - Bolero (Maurice Ravel)


Instrumentistas:
Paulo Sérgio dos Santos
Artur Andrés Ribeiro
Décio de Souza Ramos Filho
Inês Brando (Piano)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pepeu Gomes - (1978) Geração do Som


Esse é o primeiro disco solo do Pepeu Gomes após o fim dos Novos Baianos, uma obra prima do Rock Progressivo e música instrumental tupiniquim. Misturando choro, jazz, samba, bossa nova e frevo com o bom e velho rock´n´roll, ele fez uma bela fusão de ritmos brasileiros, eletrificando muitos deles.

As levadas rápidas, precisas, surpreendentes e desconcertantes de Pepeu fazem dele, em minha opinião, conjunta a bons entendedores, o “Jimi Hendrix brasileiro” devido à sua virtuose na guitarra. Veja por exemplo a música “Tambaú”, com jogadas rápidas e solos de muita complexidade, porém com a diferença de contar com uma percussão e com ritmos muito brasileiros. Tocando um instrumento esquisito que mesclava uma guitarra e um bandolim, ele criou rifes antológicos nesse disco.

Na música de abertura, “Saudação Nagô”, os arranjos de orquestra de Paulo Machado casam de forma perfeita com a atmosfera rock criada pela banda, o que deixa tudo muito interessante. Ponto alto do disco é a música “Alto da Silveira”, esse som é quase Jazz Fusion, devido à alucinante levada da cozinha formada pelos irmãos Jorginho e Didi, como é possível assistir nesse especial à TV Cultura de 1978 (viva a internet!):


Os irmãos Gomes proporcionam a todos nós a possibilidade de degustar um som pesado sem deixar de ser refinado. Um som agressivo sem deixar de ser alegre. Um som denso sem deixar de ser bonito. Pepeu Gomes particularmente já havia deixado claro em sua passagem pelos Novos Baianos o quanto era um exímio músico de muito bom gosto. Depois quando digo que os anos 80 foram um moedor de carne onde ninguém se salvou, alguns ainda discordam...

Faixas:
1 - Saudação Nagô
2 - Fissura
3 - Linda Cross
4 - Belo Horizonte
5 - Odette
6 - Toninho Cerezo
7 - Malacaxeta
8 - Alto da Silveira
9 - Didilhando
10 - Tambaú
11 - Buchinha
12 - Flamenguista

Instrumentistas:
Pepeu Gomes (Guitarras, Guibando, Violão, Bandolim acústico e elétrico, Piano, Órgão e voz)
Jorginho Gomes (Bateria, Cavaquinho acústico, Surdo, Tamborim)
Didi Gomes (Baixo, Violão de 7 cordas, Reco-reco)
Baixinho (Bateria, surdo, tamborim, chocalho, timbales)
Severo (Acordeão)
Paulo César Salomão (Efeitos sonoros e eletrônicos)
Bola (Bongô e Chocalho)
Charles Negrita (Tumba e Agogô)
Baby (Afoxé)
Jorge da Cruz (Pandeiro)
Juarez (Sax tenor)
Luis Bezerra (Sax tenor)
Netinho (Sax alto e Clarinete)
Márcio Montarroyos (Trompete)
Maurílio (Trompete)
José Alves (Violino)
Aizik (Violino)
Arlindo Penteado (Viola)
Watson Clis (Cello)


DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

Airto Moreira - (1971) Seeds on the Ground


Adoro esse disco. Ele é de 1971, já da fase norte americana de Airto Moreira, mas, como sempre, com raízes brasileiras escancaradas. A essa altura, Airto já havia gravado com Miles Davis e estava trabalhando junto com Joe Zawinul nos primórdios do Weather Report. No ano seguinte ele e sua esposa Flora Purim participariam também do primeiro disco do grupo Return to Forever, do tecladista Chick Corea.
 
Trabalhando com músicos da elite da música instrumental, nesse disco ele conta com a participação de nada menos que o bruxo Hermeto Pascoal, com quem já havia trabalhado no Quarteto Novo (primeiro post do blog), além de Sivuca e o lendário baixista norte americano Ron Carter.
 
A primeira música é bastante festiva, uma melodia agradável e um tempero brasileiro muito bom. Em seguida vem “O Sonho”, de Egberto Gismonti, numa bela interpretação de Flora cantando em Inglês e com um instrumental impecável. “Uri” é um tema um pouco melancólico, mas muito bonito. Gosto muito da música “Papo Furado”, me trás boas vibrações. A última música é “O Galho da Roseira”, um tema extenso que passeia por difersos ritmos brasileiros. É dividido em duas partes, sendo especialmente a segunda bastante experimental, mostrando a inclinação de Airto para o jazz fusion, estilo pelo qual ficaria bastante conhecido.
 
Recomendo esse disco devido à sua brasilidade, sonoridade diferenciada e qualidade dos músicos.

Faixas:
1 - Andei
2 - O Sonho
3 - Uri
4 - Papo Furado
5 - Juntos
6 - O Galho da Roseira
7 - O Galho da Roseira (Part II)



Instrumentistas:
Airto Moreira (Percussão, bateria e vocais)
Flora Purim (Vocais)
Hermeto Pascoal (Piano, teclados, violão e flauta)
Ron Carter (Contrabaixo)
Severino de Oliveira (Violão)
Sivuca (Acordeão)

DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Jorge Ben - (1974) A Tábua de Esmeralda



Jorge Ben é Brasil. Gosto muito da malandragem sonora que esse sujeito faz. Ele e seu violãozinho seriam o suficiente, mas se adicionar a isso uma banda afiadíssima, com uma levada brazuca daquelas... O swing desse disco é algo como o top 5 em se tratando de música brasileira.

Nesse período, Jorge Ben esteve bastante envolvido com os estudos da alquimia, e utilizou esse tema como fio condutor de seu disco, pois em grande parte das músicas e nos encartes do álbum há referencias claras à filosofia do Egito antigo e aos ensinamentos alquímicos, como na música “Hermes Trismegisto e Sua Celeste Tábua de Esmeralda”, onde Jorge Bem descreve os textos de Fulcanelli sobre os ensinamentos de Hermes Trismegisto, suposto faraó e designado como o Deus Thoth. Sobre esse assunto, resolvi pesquisar e encontrei a tradução da tal Tábua de Esmeralda escrita pelo Hermes Trismegisto, ponto de partida para o estudo da alquimia. Achei interessante:

(1) É verdade, certo e muito verdadeiro:
(2) O que está em baixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está em baixo, para realizar os milagres de uma única coisa.
(3) E assim como todas as coisas vieram do Um, assim todas as coisas são únicas, por adaptação.
(4) O Sol é o pai, a Lua é a mãe, o vento o embalou em seu ventre, a Terra é sua alma;
(5) O Pai de toda Telesma do mundo está nisto.
(6) Seu poder é pleno, se é convertido em Terra.
(7) Separarás a Terra do Fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande perícia.
(8) Sobe da terra para o Céu e desce novamente à Terra e recolhe a força das coisas superiores e inferiores.
(9) Desse modo obterás a glória do mundo.
(10) E se afastarão de ti todas as trevas.
(11) Nisso consiste o poder poderoso de todo poder:
Vencerás todas as coisas sutis e penetrarás em tudo o que é sólido.
(12) Assim o mundo foi criado.
(13) Esta é a fonte das admiráveis adaptações aqui indicadas.
(14) Por esta razão fui chamado de Hermes Trismegistos, pois possuo as três partes da filosofia universal.
(15) O que eu disse da Obra Solar é completo.

Ok... mas voltando à música, as levadas são muito gostosas e marcadas pelo violão de Jorge Bem, e o instrumental de músicas como “Os Alquimistas Estão Chegando”, “O Homem da Gravata Florida” e “O Namorado da Viúva” são swing puro, da melhor qualidade. Veja o video:



Creio que Jorge Bem conseguiu o intento de fazer um disco que transmitisse paz e alegria, um trabalho que realmente vale conferir e inevitavelmente escutar e escutar e escutar....

Faixas:
1 - Os Alquimistas Estão Chegando
2 - O Homem da Gravata Florida
3 - Errare Humanun Est
4 - Menina Mulher da Pele Preta
5 - Eu Vou Torcer
6 - Magnólia
7 - Minha Teimosia Uma Arma Pra Te Conquistar
8 - Zumbi 
9 - Brother
10 - O Namorado da Viúva
11 - Hermes Trismegisto e Sua Celeste Tábua de Esmeralda
12 - Cinco Minutos


Instrumentistas:
Jorge Ben (Violões e voz)
Dadi Carvalho (Baixo)
Gustavo Schroetter (Bateria)
Osmar Milito, Darcy de Paulo e Hugo Bellard (Arranjos)
Admiral Jorge V (Banda de apoio)

DISCO ALTAMNTE RECOMENDADO!!!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Flora Purim - (1975) Stories to Tell




Esse disco é bárbaro. Como diz um amigo meu, "os caras foram lá e mostraram pros gringos como é que se faz!"... Flora Purim já vivia nos EUA desde 1967, mas no meu ponto de vista foi  nos anos 70, junto com seu marido Airto Moreira, que produziu discos bastantes ricos em misturas de ritmos, sendo predominante os ritmos latinos e brasileiros, mas que acabavam sempre no jazz. Esse disco é de 1975, ano em que a cantora voltou para a ativa depois de uma temporada de 18 meses presa sob acusação de "tráfico de drogas" (ser latino "cucaratia" nessa época nos states era deveras complicado... ). Sob aclamação da classe artística da época, foi eleita por 4 anos (74 a 77) a melhor cantora de jazz dos EUA.

O disco começa com um tema que tem o mesmo nome do álbum, e com influência do Jazz Fusion feito na época, numa levada conduzida pelo competente Miroslav Vitous (ex-Weather Report). A terceira música é mais uma versão de Casa Forte (a terceira do blog) muito interessante, com os vocais de Flora indo do virtuoso ao extase, com destaque para os excelentes solos de trombone do mestre Raul de Souza. A versão de Insensatez, de Tom Jobim, ficou bastante intimista, gostei. A faixa Silver Sword, composição do baixista Miroslav Vitous, é uma das minhas favoritas, com Airto Moreira dando uma aula de poliritimia e Carlos Santana fazendo aquilo que melhor sabe fazer. O disco tem também uma versão em inglês de Vera Cruz, de Milton Nascimento, de muito bom gosto.

Faço uma observação para o time de músicos de primeira linha do jazz que fazem parte desse disco, veja abaixo e constate, só a nata!

Faixas:
1- Stories to tell
2- Search for place
3- Casa forte
4- Insensatez

5- Mountain train

6- To say goodbye
7- Silver sword

8- Vera Cruz

9- O cantador / I just want to be here

Instrumentistas:
George Duke (Teclados e sintetizadores)
Earl Klugh (Guitarras e violões)
Airto Moreira (Percusão e bateria
)
King Errisson (Conga)
Miroslav Vitous (Baixo, Moog e sintetizadores)
Ron Carter (Contrabaixo)
Raul de Souza (Trombone
)
Oscar Brashear (Fliscorne)
George Bohanon (Trombone)
Hadley Caliman (Flautas)

Oscar Castro Neves (Violões
)
Ernie Hood (Cítara e voz)
Larry Dunlap (Piano)
Carlos Santana (Guitarras)




DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Milton Nascimento - (1970) Milton



Céus!! Como gosto do som desse cara. Milton Nascimento é um verdadeiro gênio da música. Quisera ter um mínimo do seu bom gosto, sensibilidade e elegância na hora de compor uma canção.

Esse disco que lhes indico é de 1970, o quarto disco de sua carreira. Aos 27 anos, Milton havia se juntado a "pá" mineira do Som Imaginário para alguns shows no Rio e em São Paulo, e, aproveitando o momento, gravaram esse disco que contém excelentes músicas, como as clássicas "Para Lennon E McCartney" e minha favorita "Clube Da Esquina". Mas contém outras que considero muito boas como "Amigo, Amiga", com um arranjo muito bonito de teclado/violão, e "Alunar" de Lô e Márcio Borges, que acho uma música bastante característica do estilo da época, meio psicodélica "a la" Beatles, com arranjos de Eumir Deodato. A bela "Pai Grande” já havia sido lançada anteriormente, no disco "Milton Nascimento" de 1969, mas ganhou um novo arranjo um tanto quanto mais intenso e interessante, que considero um dos pontos altos desse disco. Destaque também para a versão de "A Felicidade", de Tom Jobim e Vinícius de Morais. 

É interessante como na versão lançada em CD há três bonus track (a instrumental "Tema De Tostão", "Aqui É O País Do Futebol" e "O Jogo") que exaltam todo o clima gerado pelo tri-campeonato de futebol e serviu de trilha sonora para um filme sobre o jogador Tostão. Apesar que exaltar o Brasil era uma característica das letras desse período. A quarta bonus track é a música "O Homem Da Sucursal", um tema que foi re-utilizado outras vezes, como na música "Os Escravos de Jó" do disco "O Milagre dos Peixes" de 1973 e "Caxangá", famosa na voz de Elis Regina, mas com registro no "Milton Ao Vivo" de 1983.

Esse é um dos meus favoritos da discografia do Milton. Sua parceria com Wagner Tiso e o Som Imaginário rendeu frutos preciosos por diversos anos, e acredito que aqui ainda estava a caminho do auge. Na verdade é difícil definir o auge: durante o final dos anos 60 a carreira de Milton foi uma ascendente, aí veio os anos 70 e o padrão das músicas tornou-se cada vez mais refinado, os músicos mais inspirados, os arranjos de Wagner mais elaborados, Bituca soltando de vez a voz nas estradas e a música popular brasileira sendo agraciada com toda elegância desses mineiros.

Música brasileira de excelente qualidade!!! 


Faixas:
1 - Para Lennon E McCartney
2 - Amigo, Amiga
3 - Maria Três Filhos
4 - Clube Da Esquina
5 - Canto Latino
6 - Durango Kid
7 - Pai Grande
8 - Alunar

Bonus Track:
9 - A Felicidade
10 - Tema De Tostão
11 - O Homem Da Sucursal
12 - Aqui É O País Do Futebol
13 - O Jogo


Instrumentistas:
Milton Nascimento (Voz, violão)
Wagner Tiso (Teclados)
Luís Alves (Contrabaixo)
Robertinho Silva (Bateria)
Tavito (Violões)
Fredera (Guitarras)
Zé Rodrix (Teclados, voz e flauta)
Lô Borges (Violão)
Laudir de Oliveira (Percussão)
Nana Vasconcelos (Percussão)


DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!