Cândido Portinari - (1942) Chorinho

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Hermeto Pascoal - (1979) Montreux Jazz Festival (Ao Vivo)





Se você não conhece Hermeto, faço questão de lhe apresentar: Muito prazer, esse é o alagoano Hermeto Pascoal ao vivo na noite brasileira do Montreux Jazz Festival, no ano de 1979. Se você já conhece, aprecie e reverencie mais uma vez o mestre.

O disco é duplo, e registrou uma performance impressionante de Hermeto e sua banda. Aliás, que banda! Ali não tinha peixe pequeno. Destaque para as passagens de Nivaldo Ornelas, abrasileirando e costurando os temas com muita sabedoria, e pela cozinha também brasileiríssima de Nenê e Itiberê Zwarg. Esse certamente foi o show que consolidou a carreira internacional de Hermeto, e deixou muito gringo de queixo caído. Aliás, naquela mesma noite, teve também Elis Regina com sua super banda pra arrematar, abrindo para o bruxo e fazendo dueto com o próprio no final, uma coisa verdadeiramente impressionante.

O Jazz meio estranho de Hermeto já dá suas caras na abertura. “Pintando o Sete” é uma música que para quem costuma ouvir apenas música tonal, vai soar meio esquisito. Mas preste atenção justamente nessa questão da flutuação tonal, pois é uma sequência em que parece que vai dar tudo errado a qualquer momento, mas no fim sempre da certo. Aliás, essa percepção envolve todo o disco, afinal estamos falando de Jazz.
Mesmo o disco sendo recheado de ótimos e inúmeros improvisos, é claro que existem alguns momentos de bastante concisão, como em “Forró em Santo André”, “Fátima”, “Lagoa da Canoa”, "Nilza" e “Forró Brasil”, esse último tema uma maravilha de som: Quando você já está admirado pela execução do tema, eis que no final eles transformam um baião num frevo muito acelerado, que é de cair de costas!

E, também é claro, têm os momentos de “quebrar tudo”, como em “Remelexo”, “Bem Vinda”e  “Sax e Aplausos”. Vejam só esse video do jazz fusion “Maturi” e da própria “Quebrando Tudo”, uma performance brilhante de Hermeto e banda em Montreux:







Há também uma composição, segundo Hermeto conta, “fabricada no hotel”, a mais lenta e singela música do disco dedicada à cidade suíça: “Montreux”. No bis, um improviso de muita categoria do bruxo (“Voltando ao Palco” e “E Adeus”), com um uma timbrera que muito aprecio.

Agora falando francamente, nem todos estão preparados pra ouvir esse tipo de som. É denso, complexo e flutuante. Hermeto é um músico muito acima da média, alguns dizem até que é de outro planeta. Não ache que absorverá tudo em uma única audição, deguste lentamente e perceberá a gama de possibilidades musicais que o mestre nos proporciona. Funcionou muito bem comigo, espero que funcione bem com vocês também.

Faixas:
1 - Pintando o Sete
2 - Forró em Santo André
3 - Remelexo
4 - Bem Vinda
5 - Sax e Aplausos
6 - Lagoa da Canoa
7 - Fátima
8 - Terra Verde
9 - Maturi
10 - Quebrando Tudo
11 - Ilza
12 - Forró Brasil
13 - Montreux
14 - Voltando ao Palco
15 - E Adeus

Instrumentistas:
Hermeto Pascoal (sax soprano, escaleta, flauta, sax tenor, piano e voz)
Itiberê Zwarg (baixo)
Nenê (bateria, percussão, clavinete e cavaquinho)
Jovino Santos Neto (piano, clavinete)
Cacau (clarinete, sax barítono, sax tenor e flauta)
Nivaldo Ornelas (sax soprano, sax tenor e flauta)
Zabelê (percussão, voz e cavaquinho)
Pernambuco (percussão)


DISCO ALTAMENTE RECOMENDADO!!!

2 comentários:

Sofista Minimus disse...

Parabéns pelo blog!!!!

Acabei de ver a sua sugestão do cd do Quarteto Novo! Até então considerava o cd Maria Fumaça, da Black Rio e o cd do Rafael Rabello com o Armandinho, os dois melhores cds instrumentais brasileiros. Vou ouvir e já lhe respondo!

Abraço,

Sofista Minimus.

www.deseptemartibus.blogspot.com

Casa Forte Brasil disse...

Ah, não tenho a menor dúvida.
Em se tratando de Brasil, esse disco do Quarteto Novo é obrigatório. É tão sofisticado que poderia ser lançado hoje, que muita gente acreditaria que não tem 46 anos de idade...

Abraço!